Treinadores defendem mais competição para o futebol sénior!

[foto: Arquivo / AD Machico (facebook)]

A ter por base as últimas épocas, os campeonatos regionais da Divisão de Honra e 1.ª Divisão só terão início a meados de outubro, início de novembro. Quase seis meses de ausência de competição que os treinadores ouvidos pelo SPORTSM3DIA querem ver reduzidos, apelando a uma competição de futebol sénior mais longa, à semelhança do que acontece um pouco no futebol jovem.

No final do encontro com Estrela da Calheta, e em declarações ao nosso portal, o treinador do Câmara de Lobos, Carlos Graça, levantou, uma vez mais, a diferença temporal entre o final e o início dos campeonatos seniores.

Mas como esbater esse hiato temporal? Foi a questão que colocamos agora ao experiente treinador. “Na minha opinião, é um absurdo e não faz qualquer sentido que os jogadores ao nível do futebol sénior regional fiquem cinco meses sem competição. Como já referi anteriormente, esta situação em nada contribui para uma melhoria do futebol jogado, da evolução dos jogadores que vêm dos escalões de formação e que poderiam, a partir da sua integração no futebol sénior regional e com um melhor nível competitivo, ter visibilidade para atingirem um patamar mais elevado.
Acresce ainda uma outra situação que tem a ver com o número enorme de lesões que acontecem no período competitivo devidas, precisamente, às longas paragens que se repetem época após época.
Como sugestão para esbater esse hiato competitivo, e corroborando o que foi escrito pelo mister Bruno Abreu [n.d.r. treinador do Nacional], faria todo o sentido que se iniciassem os dois campeonatos (Honra e 1ª Divisão) em Outubro (iniciaríamos o período preparatório das equipas em Setembro) e alterando o modelo de disputa da Taça da Madeira para uma fase de grupos, a iniciar-se após o término dos dois campeonatos, com uma posterior qualificação para os quartos de final e a partir daí com eliminatórias até à final, seria possível termos competição até meados do mês de Junho”
destacou, avançando em seguida com aquelas que poderiam ser, na sua opinião, medidas para esbater um eventual custo acrescido para os clubes. “Relativamente à logística, acredito que não haveria qualquer tipo de problema e penso que existem formas de esbater as questões financeiras inerentes a mais um mês e meio de atividade que poderão passar por acordos com todos os intervenientes, com valores definidos para uma época e não para um determinado número de meses. Poderiam também contar com uma expectável colaboração da AFM no que concerne a uma redução dos valores relativos às inscrições e atendendo à mais que provável diminuição do numero de lesões os valores inerentes ao tratamento das mesmas iriam ser menores.”

Sobre a criação de uma divisão única, juntando os dois escalões, Graça respondeu assim: “Seria dar vários passos atrás no que concerne a uma maior competitividade.”

Campeão Regional pelo Pontassolense na temporada 2021 / 2022, e com passagens de sucesso pelos clubes que orientou, Arsénio Miranda é outro dos treinadores que defende uma competição regional sénior mais alargada. “É um tema que já se fala há anos! É uma distância temporal enorme entre o fim de uma época e início de outra. Em primeiro lugar, precisaríamos ter uma maior abertura entre clubes e associação de futebol após o término de época para discutir o melhor para os clubes. Sou da opinião que podíamos fazer um torneio de abertura (preparação) entre equipas, mas com colaboração da Associação de Futebol da Madeira. Outra opção, é termos mais uma competição além do campeonato e taça da Madeira. Porém, isso tem que partir dos órgãos que gerem o futebol regional, nunca pode ser apenas os treinadores a querem mais jogos e competições” enfatizou, reconhecendo que o prolongamento dos meses de competição poderiam dificultar as contas dos clubes. “Cada clube sabe das suas capacidades e dificuldades, eu defendo que cada clube tem que saber para onde quer ir e definir seus objectivos para cada época. Muito sinceramente acho que clubes não estão preparados para terem uma época longo devido aos custos e logística que isso pode causar a cada equipa,porém acho com um bom planeamento e diálogo entre associação e clubes é possível, voltarmos a ter uma competição mais longa.”

A criação de uma divisão única, segundo Miranda, não seria a melhor solução para resolver a questão da longa paragem. “Não sou a favor de apenas uma divisão! Acho que não faz sentido devido a vários fatores. É preciso ter objetivos claros e saber que não podemos apenas ficar pela participação e ganhar e perder é indiferente!
Considero que o número de equipas na Divisão de Honra(12) é um número razoável para termos um campeonato mais longo, mas claro que queríamos ter mais equipas. Talvez fosse a forma mais fácil de resolver o problema, mas para mim não faz muito sentido.”

Disponível para regressar!

À margem do assunto, e questionado pelo repórter, Arsénio Miranda manifestou a sua vontade em voltar ao ativo. “Decidi fazer uma paragem para refletir os oito anos de trabalho e traçar novas metas. O que posso dizer e transmitir é que tenho muita vontade em regressar e voltar a sentir o prazer do treino e ter novamente oportunidade para liderar uma equipa. Neste momento, estou disponível e espero ter a oportunidade para voltar ao futebol. Sou um treinador ambicioso e aberto a todos os cenários possíveis, tanto voltar ao regional como em contexto nacional na formação ou seniores.”

Foi já com o campeonato em curso que José Pedro Jacinto aceitou o repto de orientar o Andorinha, conseguindo, na última jornada, alcançar a manutenção, naquela que foi a sua época de estreia no futebol regional sénior. Ao SM3, o técnico alinhou pelo mesmo diapasão dos seus colegas, sugerindo apenas dois meses de paragem entre o fim e o início de cada temporada. “Deveria ser encurtado para o máximo de 2 meses! O tempo de paragem é excessivamente longo e acredito que todos os intervenientes (treinadores, jogadores, entre outros) são da mesma opinião.
Há várias hipóteses que deverão ser consideradas, debatidas entre todos, para se resolver este problema: (1) aumentar o número de equipas, fundindo as 2 divisões seniores regionais; (2) mantendo as 2 divisões regionais mas criando uma competição da taça semelhante ao que está definido para os escalões jovens na RAM; (3) alterando o sistema competitivo de forma a ter 2 fases, na 1ª fase jogariam todos contra todos a 2 voltas e depois dividir as equipas para fase de manutenção (os 6 últimos classificados) e fase de apuramento de campeão (os 6 primeiros classificados), mantendo os pontos da 1 fase”
propôs, salientando de seguida a importância das competições regionais estarem em sintonia com as competições nacionais. “Em termos logísticos penso que não existirão grandes problemas, mas em termos financeiros a situação seria um pouco diferente porque os clubes teriam mais gastos com a organização dos jogos, honorários, entre outros. A solução para este problema terá de ser analisado, mas deverá passar pela revisão dos apoios financeiros por parte dos diversos intervenientes que têm essa responsabilidade. Quem tem responsabilidades sociais, deve de olhar para este tempo de paragem nas várias competições regionais e perceber que vai em sentido contrário ao utilizado para quem tem competições nacionais, interrupções letivas e nossos jovens sem atividades levando a um abandono precoce da modalidade optando por outro de atividades algumas vezes prejudiciais.”

A criação de uma divisão única, juntando as equipas dos dois escalões, seria uma solução? “Não é obrigatório fundir as divisões do futebol sénior, podemos resolver o problema de outras formas, como referi anteriormente, mudando o sistema competitivo do campeonato, da taça ou ambos.”

Publicado por Sportsm3dia

O Sportsm3dia é um portal dedicado à atualidade desportiva, reunindo e partilhando notícias divulgadas ou enviadas por associações / clubes, entidades ou agentes desportivos, focando de forma particular o futebol da Região Autónoma da Madeira, mas sem descurar o que se passa no panorama nacional e internacional, procurando contribuir para a divulgação de informações relacionadas a cada grupo e ao seu desenvolvimento na sociedade.

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